POLITICANDO NO TEMPO

Rondônia, não estamos sós! 

Em condições normais, a descoberta de um novo caso de corrupção deveria ser celebrada como uma vitória dos mecanismos de controle sobre a bandidagem. Muita gente gosta de cultivar a ideia de que a explosão de um escândalo é a sociedade informando aos seus malfeitores que a moleza acabou. No Brasil, porém, a rapinagem tornou-se tão rotineira que o desespero acaba prevalecendo sobre a esperança. Calejado, o brasileiro prefere ser cínico a passar por bobo.

Em Rondônia nós preferimos culpar uns aos outros por cada descoberta de um novo escândalo. O culpado de tudo sempre é o "eleitor que não sabe votar" e dependendo de qual sigla está no olho do furacão, sempre os culpados vão ser os PTistas, que vão acusar os PSDBista, que vão jogar a culpa nos PMDBista e dai por diante, e a revolta vai ficando na frente de um computador e nas redes sociais, e ainda com promessas de não mais votar em corrupto.

São Paulo devolveu a corrupção às rodas de conversa. Impossível ficar alheio. Quem liga a tevê, navega na web ou abre o jornal fica devendo a si mesmo um gesto de reprovação. Nem que seja uma boca de nojo. A aversão seria maior se as pessoas percebessem que há um quê de anormal dentro da anormalidade. Falta alguma coisa no noticiário e nas declarações das autoridades: o corruptor!

Em Rondônia, os "nossos" escândalos, são mostrados na integra, com todos os personagens, caso contrario, como que nosso secretário de justiça ou nossos procuradores de justiça iam ficar na "tradicional coletiva de imprensa?" Não teria graça nenhuma, não é mesmo? Os holofotes tem que estar todos volta dos para, "O Cara", ou "Os Caras", que são classificados sempre como: Presidente, Dep. Estadual, Vereador, Laranja, "Empresário de sucesso", Motoristas, Dançarinas, traficantes e os delegados bem vestidos, barbeados e com ar de superioridade, e naturalmente, O Cara! 

Voltando a São Paulo: Neste derradeiro escândalo, dos nove fiscais suspeitos de corrupção o país já sabe quase tudo. Os hábitos espalhafatosos, o linguajar vadio, o apreço por todo o fausto que o dinheiro alheio pode comprar, a ex-namorada de língua solta, isso e aquilo. Já desceram à fogueira também alguns políticos.

Há o ex-prefeito Kassab, citado de ponta-cabeça num grampo. Há o secretário Tatto, cuja mulher é sócia de um fiscal enrolado. Há o secretário Donato, apresentado noutra escuta como beneficiário de R$ 200 mil provenientes do bando. E quanto aos corruptores? Ganha uma fita com os melhores momentos dos grampos quem souber recitar um par de logomarcas. 

Qualquer semelhança com operações passadas aqui em nosso querido estado de Rondônia e com um certo ex prefeito, são meras coincidências. Até porque jamais vamos parar em mídia nacional por uma quantia tão insignificante quanto essa ai que hora está sendo debulhada. Ladrões de galinha, isso é o que eles são! Meter a mão em 200 mil reais, em 4 milhões de reais, em 300 mil reais... são todos uns quebrados! A policia paulista deveria aprender com a nossa, apurar por longos dois anos, deixar os caras roubarem até a largura da boca, e quando eles acharem que estão "de boa", ai sim, dá o bote, e apresenta a mídia aquele valor astronômico: 70, 80, 100, 300 milhões de reais.  Tudo bem que quase nada disso vai ser recuperado, em media, apenas 10% são realmente confiscados, o resto...isso deixa pra lá, o importante é que a quadrilha foi desbaratada.