sábado, 28 de dezembro de 2013

TROPA DA ELITE: Renan Calheiros, presidente do Senado, e Henrique Eduardo Alves, presidente da Câmara, enviam seguranças do Congresso para missões secretas longe de Brasília. O problema é que a ação é ilegal

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EM SERVIÇO
Policiais no Congresso: eles são servidores com atribuições de guarda e proteção de 
parlamentares e do patrimônio do Legislativo, mas não podem apurar infrações fora de Brasília
Em pleno feriado natalino, o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), foi a público justificar o uso de jatinho da FAB para ir a Pernambuco fazer um implante capilar. Na virada do Réveillon, o senador será obrigado a dar novas explicações. Desta vez, sobre os motivos que o levaram a enviar seguranças do Senado para missões sigilosas em sua terra natal. ISTOÉ identificou ao menos três dessas viagens, feitas em fevereiro, outubro e novembro, que incluíram diligências ilegais, monitoramento de pessoas e tomada de depoimentos numa delegacia de polícia. Ao menos três servidores foram usados na empreitada: Everaldo Bosco, Gabriel Reis e Floriano Pinheiro. Com o aval do senador alagoano, os policiais não se intimidaram ao bancar “os xerifes” de Renan, violando competências que são exclusivas da Polícia Federal e da Civil. 

A chamada “polícia legislativa” não passa de um corpo de servidores do Congresso com atribuições de guarda e proteção dos parlamentares e daquilo que pode ser classificado como patrimônio do Legislativo, como veículos, edifícios, móveis e equipamentos. Esses policiais podem até fazer apuração de infrações penais, desde que tenham ocorrido dentro de seus domínios. A Procuradoria da República, inclusive, já emitiu parecer que veda o uso dessa turma fora das Casas. 

Renan, porém, parece fazer vista grossa para o que diz a lei. Mais grave ainda: com suas ações, sugere ocupar um espaço privilegiado acima dela. Protegidos pelo manto do sigilo dessas operações, os servidores do Senado se abstêm de dar explicações, o que dá margem para especular se o trabalho externo seria apenas um exagero administrativo ou uma vexatória ação política contra rivais eleitorais em Alagoas. O presidente do Senado quer eleger Renan Calheiros Filho, o Renanzinho, governador do Estado em 2014.

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Até agora, apenas uma das viagens foi parcialmente justificada sob o argumento de que senadores alagoanos – existem apenas três – estavam sendo vítimas de tentativa de extorsão por meio de telefonemas anônimos. Dessa maneira, os policiais do Senado foram enviados para tentar desbaratar o suposto esquema. O Senado, porém, não abriu à reportagem os autos da investigação. A assessoria de imprensa da Casa garante que a missão teve como objetivo investigar a extorsão e informou que um dos depoentes confessou ter obtido R$ 20 mil com o golpe. Mas não disse qual parlamentar pagou. 

Seja como for, o deslocamento dos três agentes custou aos cofres públicos R$ 30 mil, considerando as passagens, diárias e o aluguel de automóvel. Sem distintivo de verdade, sem viatura oficial e sem a autoridade legal, os servidores tiveram que levar os suspeitos para uma delegacia da Polícia Civil, onde tomaram os depoimentos. Não houve autorização judicial para essas ações. Logo, as investidas determinadas por Renan foram ilegais. Depois dessa primeira viagem, o trio de agentes voltou a Alagoas outras duas vezes, mas o Senado mantém os motivos dessas missões em segredo. Pelo que se sabe, foram as únicas investigações da polícia do Senado fora de Brasília.

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OLHO NA ELEIÇÃO
Renan Calheiros e Henrique Eduardo Alves: missões
policiais inexplicadas em seus redutos eleitorais
 
No lado verde do tapete do Congresso, a polícia da Câmara também se investe de falsa autoridade policial para sair pelo País em missões secretas. Em abril passado, o presidente da Câmara, Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), autorizou dois servidores da Casa, Edilson Brandão e Thiago Elízio, a ficarem dez dias no Tocantins “colhendo provas” para um processo administrativo. Com R$ 7 mil em diárias, passagens e aluguel de carro pago pela Câmara, os servidores percorreram os municípios de Formoso do Araguaia e Gurupi dando carteiradas, realizando interrogatórios e reunindo informações. Para explicar as diligências de sua polícia, a assessoria de imprensa da Câmara alega que o trabalho externo faz parte de uma investigação de fraude previdenciária. ISTOÉ solicitou detalhes da investigação, mas a Câmara se negou a fornecer. Coincidência ou não, em outubro passado o deputado federal Osvaldo Reis, do PMDB de Tocantins, subiu à tribuna para denunciar fraude no Instituto de Gestão Previdenciária do Estado (Igeprev). Na ocasião, Reis entregou um dossiê do caso ao ministro da Previdência, Garibaldi Alves. Desde então, o episódio se tornou um cabo-de-guerra entre oposição e governo tocantinense. 

Além dessas investigações não oficiais, as polícias legislativas também têm sido usadas para fazer a escolta de parlamentares. O deputado Anthony Garotinho (PR-RJ) só anda em Brasília acompanhado por uma equipe de segurança da Câmara. No Rio de Janeiro, ele usa seguranças privados. Outro a usufruir do privilégio é o senador Mozarildo Cavalcanti (PTB-RR), que tem à disposição três policiais legislativos para acompanhá-lo fora de Brasília. Além das passagens aéreas, a “segurança público-privada” de Mozarildo custou, em 2013, R$ 48 mil só em diárias. Dezesseis servidores se revezam na missão de acompanhar os passos do senador, que alega ser alvo do governador de Roraima, o tucano José de Anchieta Júnior. 

O efetivo da polícia da Câmara é hoje de 220 servidores, um pouco menor do que o do Senado, com 260 agentes. Um projeto de resolução da Mesa Diretora pretende ampliar o número de agentes e criar a figura do “delegado”. O problema é que a medida prevê a existência de 20 delegados para apenas uma delegacia, a unidade da polícia legislativa do anexo I da Câmara. O projeto prevê, ainda, contratação de outros 80 policiais. A remuneração desses agentes legislativos está entre as maiores do País, variando de R$ 13 mil até R$ 20 mil. Fora das dependências do Congresso, as polícias legislativas não têm nenhum amparo legal para investigar ou repreender ninguém. Seu trabalho equivale ao serviço prestado por uma empresa privada de segurança – ou seja, são forças paralelas ao aparato de proteção do Estado.

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No início de 2014, está prevista para entrar na pauta do Supremo Tribunal Federal (STF) uma ação declaratória de constitucionalidade que vai limitar as atribuições administrativas da polícia e transformar em crime as ações informais de investigação e repressão realizadas por essas equipes de segurança do Congresso. Na ação, relatada pela ministra Cármen Lúcia, a PGR argumenta que investigações criminais sempre atingem direitos fundamentais dos cidadãos. Por isso, apenas órgãos públicos que estejam formalmente submetidos à fiscalização do Ministério Público podem conduzir inquéritos. “À Polícia Federal é reservada, com exclusividade, a função de polícia judiciária da União”, diz a PGR. Pelas atitudes de Renan e seus colegas, e considerando o início de um ano eleitoral que promete muitos embates, a regulamentação das atividades da Polícia Legislativa é não só urgente como imprescindível para a garantia do equilíbrio democrático.  

quarta-feira, 25 de dezembro de 2013

Entrevista da semana: Ativista político Carlos Caldeira, um “calo” para os administradores públicos incompetentes e corruptos

Gestão Mauro Nazif é pior que a do Sobrinho e também é corrupta, diz ativista político(ENTREVISTA CONCEDIDA A CARLOS ARAÚJO).More Sharing Services
Carlos Caldeira faz das redes sociais um canal para denunciar os políticos corruptos e suas mazelas
As redes sociais podem ser uma excelente ferramenta para disseminar a insatisfação política e contribuir para o sucesso ou derrocada de um político ou de uma administração. Uma prova da força e do potencial dessa ferramenta foi demonstrada na organização das ondas de protestos que ganharam as ruas brasileiras no meio deste ano de 2013, mas também foi verificada a sua utilização para organização de protestos até mesmo em países onde elas são proibidas, como no Irã, na Síria e no Egito, para o sucesso do movimento identificado erroneamente por jornalistas e analistas ocidentais como a “Primavera Árabe”.

Com maior ou menor intensidade, as redes sociais, sobretudo, o Facebook e o twitter, vêm servindo aos mais variados propósitos, sejam nas grandes aglomerações urbanas ou em comunidades menores.

Em Rondônia, não poderia ser diferente e a tendência vem se confirmando. Para desespero de políticos corruptos e daqueles que ainda tentam trapacear a informação em seu modelo mais tradicional. Mas o surgimento das redes sociais também deu vida a um novo tipo de comportamento: o ‘ativista de sofá’, como define o ativista político Carlos Caldeira, que vem se revelando um ‘calo’ para os administradores públicos incompetentes. O ‘ativista de sofá’, na definição de Caldeira são os acomodados que só se manifestam pelas redes com um curtir, sem partir para uma ação mais efetiva na luta pelos direitos da sociedade.

Nesta entrevista ao repórter Carlos Araújo, esse paraense que chegou a Rondônia no início da década de 1990 revela que, ao contrário do que afirma setores da mídia adestrada, a administração municipal capitaneada pelo médico Mauro Nazif chega ao final de seu primeiro ano não só com a marca da incompetência administrativa e inapetência para solucionar problemas comezinhos, mas também com alguns casos de corrupção envolvendo desvio de recursos públicos.

É com base em um desses supostos casos de corrupção, que não envolve grande soma em dinheiro, mas que macula aura de honestidade com que o atual prefeito sempre se apresentou, que o ativista Carlos Caldeira pede o impeachment do prefeito pela Câmara de Vereadores. Ele também denunciou o caso ao Ministério Público.

Caldeira garante que a gestão Mauro Nazif está sendo pior que a do ex-prefeito Roberto Sobrinho e também é manchada por escândalos e falcatruas. Conversamos com o crítico e ativista político, para a Entrevista da Semana do www.tudorondonia.com.br.

Contador por formação, Caldeira tem se destacado no meio político e social pela atuação e inovação na maneira como vem trabalhando na fiscalização do poder público e na utilização dos meios de comunicação. È ele o principal responsável pelas matérias e postagens polêmicas nas redes sociais fazendo críticas a gestão do prefeito de Porto Velho e a atuação do Poder Legislativo estadual e municipal. Ele também é o autor da proposta de impeachment de Mauro Nazif, algo inédito na história recente da política brasileira.

Carlos Caldeira nasceu em Mosqueiro, município localizado próximo a Belém, capital paraense. Casado, ele tem duas filhas e um filho nascido no Pará. Contador e empreendedor, atualmente Caldeira trabalha na execução de projetos sociais na cooperativa Cootraron, com atuação em todo o Estado.

Carlos Caldeira chegou a Rondônia no início da década de 1990, às vésperas do assassinato do senador Olavo Pires, e, em poucos dias, iniciou sua trajetória de luta contra os maus gestores do erário público. Para falar de sua retidão de caráter e idoneidade, Carlos Caldeira lembra que quando chegou a Porto Velho foi convidado para trabalhar no governo, mas não aceitou por entender que seria sugar os cofres públicos. “Nunca fui funcionário público, quando cheguei a Rondônia recebi oferta de trabalho, que na verdade era para ficar encostado no Governo Jerônimo Santana, mas não aceitei”.

Polêmico, ele faz críticas severas aos atuais gestores e alega ter provas que justificam o impeachment do prefeito da capital. Segundo ele, são escândalos que envolvem nepotismo e apropriação de verba pública com o pagamento pela construção de obras fantasmas. As denúncias, além de publicadas em seu blog e no Facebook, são feitas ao Ministério Público e à Câmara de Vereadores. Segundo ele, o ideal é caçar o mandato do prefeito e realizar uma nova eleição com a participação de outros candidatos.

Embora tenha recebido o título de blogueiro, o ativista mostra que não está para brincadeira. Na gestão Roberto Sobrinho ele oficializou pelo menos 130 denuncias contra a prefeitura de Porto Velho. “Se o Sobrinho foi preso, posso dizer que parte do mérito é meu, que nunca calei ante os desmandos de maus políticos e de grupos organizados”.

Confira a seguir a entrevista:

Tudorondônia: Quem é Carlos Caldeira?

Carlos Caldeira: Sou contador, natural do Pará. Cheguei a Rondônia no início da década de 90 e sempre fui um cidadão politizado. Gosto de exercer meus direitos e cobro muito de quem se propõe a trabalhar pelo bem comum da sociedade. Sou muito crítico e não poupo esforços para combater a corrupção nos poderes constituídos.

Tudorondônia: O que o levou a trabalhar na área social?

Carlos Caldeira: Eu tenho duas filhas, uma nasceu aqui e outra em Marabá, no sul do Pará, então eu acompanho muito as pessoas que sofrem as mazelas e não quero isso para as minhas filhas. E o que eu não quero para elas não quero para os outros, então, olhando “tudo isso” que acontece no cenário político me revolta. Acho que Rondônia é um dos Estados mais corrupto desse país.

Tudorondônia: Você chegou a Rondônia em 1990 e não voltou mais ao Pará?

Carlos Caldeira: Voltei sim, há dez anos fui de volta ao sul do Pará e fiquei três anos lá. Montei três restaurantes, trabalhava sete dias por semana, cozinhava, até que senti muita saudade de Rondônia e então resolvi voltar.

Tudorondônia: O que te fez voltar a Rondônia, do que sentia saudade?

Carlos Caldeira: Aqui tem oportunidades. Voltei a Porto Velho dois anos antes do início da construção das Usinas do Madeira, queria participar dessa obra.

Tudorondônia: Qual sua idade?

Carlos Caldeira: Completo 52 anos em 19 de janeiro.

Tudorondônia: Você tem se notabilizado pelas criticas que tem feito ao meio político, principalmente ao prefeito da capital. você tem aspirações políticas ou apenas extravasa alguma frustração pessoal?

Carlos Caldeira: Sou um cidadão preocupado. No Pará eu já fazia oposição ferrenha ao governo Jader Barbalho. Quando cheguei pela primeira vez aqui (Porto Velho) fiz criticas ao governo Piana e no Marabá/PA eu fiz críticas ao prefeito de lá, Tião Miranda. Quando retornei a Rondônia, ajudei a reeleger Roberto Sobrinho, votei nele, pedi voto e me filiei ao PT. Só que vi acontecer tanta coisa ruim que comecei a me rebelar, pedi pra ser expulso do PT, mas o partido não expulsa ninguém. Fiz inúmeras denúncias da administração Sobrinho, num total de 133, de modo que também sou um dos responsáveis por ele ter sido preso.

Tudorondônia: Mas você chegou a apoiar o Dr. Mauro no segundo turno da última eleição para prefeito?

Carlos Caldeira: Quando fui com Dr. Mauro, eu já havia me desvinculado do PT. Saí do Partido dos Trabalhadores em outubro do ano passado, logo depois da eleição. Eu tinha compromisso com a Fátima (Cleide, ex-senadora, candidato derrotada a Prefeitura de Porto Velho), sem ganhar nada, e cumpri. Tudo que eu pedi foi que ela não abraçasse a candidatura do Roberto (Sobrinho), mas ela quebrou esse acordo e isso me fez romper com ela e com o PT.

Tudo Rondônia: Fez algum acordo para dar apoio ao então candidato Mauro Nazif?

Carlos Caldeira: Não foi exatamente um acordo. Desde o primeiro turno, dizia a ele que uma certeza eu tinha: não votaria no Garçom e faria oposição a ele (ao Garçom). Um dia, numa entrevista, eu disse que se o Mauro prometesse algo teria meu apoio. Pedi a ele uma garantia de que Gilson Nazif não faria parte de sua administração, ele riu com a aquela “cara sínica dele” e fez a promessa, mas, quando foi eleito, fez do irmão seu braço forte na atual gestão. Já perdeu pontos. Pediram para eu não fazer críticas antes dos 100 dias, eu aguardei, mas lá se vai quase um ano e a cidade está pior do que foi entregue pelo Roberto Sobrinho.

Tudorondônia: Por que disse que não votaria em Garçom em hipótese alguma?

Carlos Caldeira: Garçom foi prefeito de Candeias, que é um ovo, e não fez quase nada. Então, penso que ele não tem competência para administrar Porto Velho.

Tudorondônia: Temos um ano de administração Mauro Nazif, está arrependido de não ter votado no Garçom?

Carlos Caldeira: Não, estou é envergonhado de ter votado no Dr. Mauro.

Tudorondônia: Na eleição do ano passado tivemos dois candidatos, praticamente por exclusão, disputando segundo turno, o que o povo deve fazer para ser bem representado?

Carlos Caldeira: É difícil. Se fosse hoje as eleições entre Garçom e Dr. mauro, acho que teríamos que convocar outra eleição, porque o povo não votaria em nenhum dos dois. Penso que, numa saída do Mauro do poder poderíamos ter uma nova eleição com novos candidatos na disputa.

Tudorondônia: Você tem filiação partidária ou pretensão política?

Carlos Caldeira: Muita gente me questiona sobre isso. Eu já tive pretensão política, mas agora não. Já fui pré-candidato a deputado, mas, como vejo “coisas” que não me agradam, não quero isso pra mim, não quero servir de vidraça para ninguém. Dizem que poderiam me corromper, acho que seria mais fácil me matar do que me corromper.

Tudorondônia: Você fala de “coisas”, que “coisas” foram essas que você viu na administração Roberto Sobrinho?

Carlos Caldeira: Aquela operação da polícia que levou quase toda administração dele para cadeia mostrou isso. Um dos pontos que me fez criar certa antipatia foi a questão dos viadutos e da Rua da Beira que teve muito dinheiro desviado. O Roberto Sobrinho montou uma quadrilha, mas não tenho como provar. A polícia expôs isso. Teve a questão da EMDUR, e ele dizendo ser inocente.

Tudorondônia: Na administração do Dr. Mauro já existe problema dessa ordem?

Carlos Caldeira: Existe sim. Tenho caso comprovado de corrupção na SEMUSA.

Tudo Rondônia: Se é comprovado, pode nos explicar que caso de corrupção é esse?

Carlos Caldeira: Existe uma modalidade de corrupção que permite aos “caras” roubarem pouco, onde tem pouco dinheiro. Na SEMUSA, por exemplo, montou-se um processo para cavar um poço artesiano e construir um escritório para servir de ponto de apoio de combate a malária no distrito de União Bandeirantes. Tenho todo o processo comigo, tem laudo de técnicos que comprovam a construção, mas nada saiu do papel. Ficou apenas no papel, mas o dinheiro sumiu. A comunidade, precisando desse ponto de apoio, construiu um cubículo de madeira, com o próprio dinheiro. A água é retirada do poço de uma moradora ao lado e tudo pago com dinheiro da população. No papel, consta que a prefeitura construiu o ponto. Consta que foi investido R$ 30 mil. O processo dispensa licitação, é feito por meio de Carta Convite. Três empresas participaram do processo e a diferença de preço é de centavos. A empresa que ganhou tem endereço em uma casa localizada no Marechal Rondon. A construção fantasma conta com o aval e participação do vereador Macário Barros, que foi o secretário de Saúde do município no inicio da gestão do Mauro.

Tudorondônia: Quem denunciou o caso?

Carlos Caldeira: Quem descobriu tudo foi o vereador Dim Dim, que é de União Bandeirantes. Ele, inclusive, postou fotos no Facebook. Eu fiquei de pegar um engenheiro para fazer o laudo que comprove que não houve a construção, com dinheiro do meu próprio bolso.

Tudorondônia: A denúncia já foi levada à Câmara?

Carlos Caldeira: Sim, e esse tipo de denúncia também embasa o pedido de impeachment do prefeito e de cassação de mandato do vereador Macário Barros, por quebra de decoro parlamentar e por improbidade administrativa.

Tudorondônia: Você acha que a acusação guarda alguma relação com fato de o vereador Macário Barros ter votado a favor dos vereadores denunciados na Operação Apocalipse?

Carlos Caldeira: Não. Tenho conhecimento desta denuncia muito antes disso.

Tudorondônia: Pela legislação, o prefeito pode ser afastado até o segundo ano de gestão, você já entrou com pedido de impeachment na Câmara?

Carlos Caldeira: Sim, entrei com o pedido no começo deste mês.

Tudorondônia: O que te motiva a fazer isso?

Carlos Caldeira: Revolta. Primeiro vejo que nada foi feito para que a cidade se tornasse melhor. Se você andar por aí vai ver que cidade está como sempre esteve. Depois, porque o Dr. Mauro encheu a prefeitura de parentes.



Às vezes lutando sozinho contra todo um sistema, o ativista se diz capaz de tirar dinheiro do próprio bolso para conseguir uma prova de corrupção
Tudorondônia: Isso tudo é suficiente para o impeachment?

Carlos Caldeira: Talvez não. O processo precisa uma prova cabal, e essa prova eu já tenho. Em março desse ano, a prefeitura teve o CNPJ negativado pela Receita Federal, por uma suposta dívida de um processo administrativo R$ 1 milhão e 70 mil. A administração descobriu a dívida quando estava fazendo convênios e contratos, então autorizaram um funcionário da Semfaz a ir a RF e negociar a dívida, isso foi feito. O servidor designado negociou a dívida em 60 vezes, pegou o DARF e levou para a prefeitura pagar. Cinco meses depois a Câmara foi notificada sobre o fato e a prefeitura pediu autorização para pagar. A grande questão é que a dívida não existe, era uma suposta dívida de imposto, que tem inclusive processo pedindo o cancelamento dela.

Tudorondônia: Então como a dívida se originou?

Carlos Caldeira: Boa pergunta, mas não sei como essa dívida se originou. O documento foi anexado ao pedido de impeachment.

Tudorondônia: Como começou sua atuação nas redes sociais?

Carlos Caldeira: Na administração passada, eu criei o blog “Fora Roberto Sobrinho”. Trabalhei nesse blog até outubro do ano passado, até que me aborreci, já que ninguém mais fazia nada e parei com o blog. Aborreci-me porque fiz tantas denúncias no blog, as ajuizei no MP e vi que não acontecia nada. Então, abandonei o blog.

Tudorondônia: O MP só afastou o Roberto Sobrinho faltando 20 dias para o final do mandato. Você acha que o MP tem sido inoperante?

Carlos Caldeira: Não. Até gosto da atuação dele (do MP). As últimas operações que a gente vê aí, por exemplo, foram bem sucedidas, menos a Apocalipse, que pra mim foi um fracasso. A questão é que o MP precisa fechar bem as denúncias para não cometer erros. Na questão do Roberto Sobrinho, é que ele tinha um esquema muito bem montado, o que dificultou a ação da Justiça. Pessoas leigas, os ‘ativistas de sofá’, protestam contra a Polícia Federal e contra o MP, mas eles têm que entender que os dois agem apenas quando estão bem embasados.

Tudorondônia: Na operação Apocalipse o MP inocentou todo mundo e disse que não havia indícios para instaurar ação penal contra ninguém, mas o TJ rejeitou essa posição e devolveu a peça para que se aprofunde a investigação. Você acredita que está havendo um descompasso da atuação do MP e da atuação do Judiciário?

Carlos Caldeira: Acho que há troca de informação que deveria ser fechada junta. Eu li todo o inquérito da Apocalipse, e vi que algumas informações chegavam ao MP e outras não. Quando se falavam da PEC 37, se falava muito da atuação do MP, que gostava muito de fazer espetáculo. Eu não concordo, mas acho que há falta de troca de informação, nem sei como te classificar isso.

Tudorondônia: A própria Operação Apocalipse não teve aval nem acompanhamento de um promotor, foi tudo feito a revelia do MP, por que será?

Carlos Caldeira: Por tudo que já li essa operação foi criada para combater o tráfico, mas nenhum grama de droga foi apreendido, acho que ela (Operação Apocalipse) foi direcionada. Achei que até eu estava sendo grampeado. O governador disse que sabia que todo mundo tava sendo grampeado.

Tudorondônia: O Fernando da Gata e o Beto Baba, que são dois estelionatários conhecidíssimos da comunidade e com uma rede imensa de colaboradores em um bairro da capital. Você acha que eles também são inocentes?

Carlos Caldeira: Não, tanto que estão presos.

Tudorondônia: Por que a soltura deles não ocorreu, em sua opinião?

Carlos Caldeira: Eles sabem de tudo, soltar eles é um perigo, assim como não soltam o Valter Araújo.

Tudorondônia: Então você acha que está havendo manipulação por parte do Judiciário em operações como essa?

Carlos Caldeira: Acho que não. Nós temos a figura do secretario de segurança, do governador, do Legislativo, do Judiciário, acho que nenhum nem outro, a partir de agora, do fracasso que foi, tomará uma atitude precipitada... é complicado.

Tudorondônia: Como analisa a questão da absolvição dos cinco vereadores envolvidos na Operação Apocalipse?

Carlos Caldeira: Eu tenho uma boa relação com o Léo Moraes. Quando foi lido relatório dele eu o questionei sobre essa questão, ele me mostrou que aquela decisão foi pela dosimetria do fato de cada um, ou seja, num exemplo esdrúxulo: “Numa quadrilha de cinco vereadores, dois roubam e três matam, vamos prender os três e liberar os dois, não se podia condenar a todos”. Em grosso modo, foi o que eu entendi, porque era a quebra de decoro que se estava apurando, era a parte política e não a criminal.

Tudorondônia: Quantos vereadores quebraram o decoro parlamentar?

Carlos Caldeira: Os cinco vereadores quebraram o decoro. Agora não entendi porque só foi proposta punição para três. O Eduardo Rodrigues passou 75 dias presos junto com o Marcelo Reis e foi o único que o MP disse que não devia nada. Marcelo Reis e Jair Montes foram indiciados.

Tudorondônia: O Eduardo foi inocentado, então porque ele ficou 75 dias presos, é uma incoerência?

Carlos Caldeira: Talvez.

Tudorondônia: Em sua opinião, existe decoro parlamentar? O que vem a ser isso?

Carlos Caldeira: Basicamente, o decoro parlamentar, bem resumidamente, é aquilo que o parlamentar faz que cause vergonha a Casa que ele representa. Basicamente, a grosso modo é isso, é o “cara” usar o mandato dele para obter vantagens pessoais.

Tudorondônia: Isso se aplica na questão da ALE também?

Carlos Caldeira: Achei que o caso da Assembleia Legislativa foi mais ridículo do que o que aconteceu na Câmara. As punições dadas são vergonhosas. A Ana da 8, por exemplo, foi punida com a suspensão de seis meses do mandato, ela deveria ter sido presa. Isso não é punição, ainda mais que a comissão quer que a punição inicie em janeiro, no recesso parlamentar. A comissão diz que é muito difícil punir pessoas, isso é ridículo.

Tudorondônia: A seu ver, a sociedade está satisfeita com essas punições?

Carlos Caldeira: Acho que não. O que aconteceria se não tivermos um partido político corrupto, como PT é hoje. Se fosse o PT de antigamente, que tinham valores reais seria diferente. A militância do PT está alienada, se resume a grupos, a tendências. Tem um líder que faz a cabeça de todo mundo.

Tudorondônia: Já que são manipulados por um líder, dá para chamar isso de militância?

Carlos Caldeira: Difícil. Militância implica conhecimento do que é feito, da ação política. A questão do PT é muito singular. Quando prenderam o Sobrinho e o Mário Sérgio, o PT rachou. Ficou dividido em blocos, tanto que o fundador do PT daqui (de Porto Velho), Hernanes Segismundo, saiu do partido “atirando” para todo lado, a mesma coisa que fez o Hermínio Coelho e eu também. Éramos pessoas que quando estávamos lá defendiam o partido.

Tudorondônia: O partido continua dividido?

Carlos Caldeira: Sim, em dois grupos, o do Roberto Sobrinho e o da Fátima Cleide?

Tudorondônia: Quem é mais corrupto o PT ou PMDB?

Carlos Caldeira: O PMDB é mais corrupto. Ele (PMDB) exerce o poder da pressão, não lança candidatos à presidente porque quer estar encostado no poder.

Tudorondônia: Você fala de “ativista de sofá”, por acaso acha que as redes sociais são território livre da futilidade e deve ser usado como ferramenta para melhoria da sociedade?

Carlos Caldeira: Há um potencial muito grande nas redes sociais. Contudo, o que acontece e o que se diz depende muito do grupo de amigos onde você está inserido. Eu, por exemplo, costumo fazer uma limpeza no Facebook, excluindo contatos que considero desnecessários. Quero contatos de qualidade, que têm opiniões e que sejam politizadas. Raramente posto algo diferente, faço graça ou humor, mas sempre com teor crítico.

Tudorondônia: Você tem alguma esperança de que venha prosperar seu pedido de impeachment?

Carlos Caldeira: Sim, sou otimista, não entro em nada que ache que vá dar errado. E se esse projeto for para frente, vou pedir quinze minutos para falar no plenário para convencer os vereadores da base aliada para afastar ele (Mauro Nazif).

Tudorondônia: Como pretende fazer esse convencimento?

Carlos Caldeira: O prefeito hoje tem ao seu lado cinco vereadores da Operação Apocalipse. Na verdade ele tem 12 vereadores na mão. Sei que não posso contar com o doutor Macário Barros, com o Márcio do SITETUPERON e nem com o Edmílson Lemos. Também não conto com o cabo Anjos que é do partido que apóia o Mauro, o PDT, mas, sei que quase 100% da população Portovelhense quer a saída do Dr. Mauro e já crucificaram os vereadores da Operação Apocalipse. Esses vereadores querem reverter isso, e só o farão votando contra o Dr. Mauro, e é isso que eu quero fazer na Câmara, citar nome por nome, dizendo quem é quem e quem fez o quê. No mês de julho, com quase sete meses de administração, o Dr. Mauro tinha 21 vereadores contra ele, quando fizeram o manifesto no viaduto, colocaram faixas e tudo mais. O Jair Montes levava à frente o posicionamento, falava até em impeachment e hoje é o maior aliado, porque o prefeito ajudou a tirar ele do cadafalso do processo de cassação.

Tudorondônia: O que tem a dizer sobre as Usinas?

Carlos Caldeira: Voltei para Porto Velho pensando nesse progresso. Fui a favor da implantação das usinas, mas tem acontecido muita coisa com essas usinas. Uma que me envergonha é o fato de ainda existir queda no fornecimento de energia. Acho uma falta de respeito. Tudo isso é culpa de nossos gestores. Para piorar, recentemente teve a aprovação de isenção de imposto para as usinas, o “Lesa Rondônia”,

Tudorondônia: Isso não tinha sido superado, com uma ação na Justiça?

Carlos Caldeira: Sim, mas foi feito ajuste no pedido, foram colocadas algumas imposições e o projeto foi aprovado pelos deputados. São mais de R$ 500 milhões de reais por ano que o estado renunciou.

Tudorondônia: Você tem uma mensagem de natal à população?

Carlos Caldeira: A gente ouve muito protesto, pessoas dizendo que tudo que acontece de ruim na política é culpa do eleitor, então é culpa minha também, porque votei no Roberto Sobrinho, no Mauro Nazif e no Confúcio Moura. Não adianta a sociedade ficar gritando: “vamos anular nosso voto”, por que chega à véspera muitos negociam o voto. Então minha mensagem é: não venda nem barganhe seu voto.

Tudorondônia: Tai um ponto interessante, você, por exemplo, se diz um homem politizado, mas está decepcionado com seu voto, acha que o voto facultativo seria a saída?

Carlos Caldeira: Sim. Minha escolha é feita pelo currículo do político, confesso que esperava mais do doutor Mauro. A Fátima Cleide, no primeiro turno, eu escolhi pela ficha dela, nunca se envolveu com escândalo, nunca a vi envolvida em rolo, então achei que seria uma ótima prefeita. Ela é da cidade, acho que seria uma boa gestora.

Tudorondônia: Você fala que por a Fátima ser daqui seria boa administradora, mas o Piana, por exemplo, é filho da terra, e você acha que foi uma terrível administração, como explica?

Carlos Caldeira: A Fátima fez um bom mandato no Senado, ela mora em São Paulo, mas a família dela esta aqui. Acredito que, diferentemente do Piana, ela seria uma boa administradora.

Tudorondônia: Por falar em parlamento, você acha que a atuação parlamentar do Mauro coaduna com a do executivo Mauro Nazif?

Carlos Caldeira: Não.

Tudorondônia: Bom parlamentar, mas mau gestor no executivo, a atuação dele na Câmara Federal então não seria parâmetro para elegê-lo prefeito?

Carlos Caldeira: O doutor Mauro jogou fora sua carreira política. Os rolos que acontecem na prefeitura têm a conivência dele.

Tudorondônia: Quando deputado, o Mauro Nazif pediu o fim da aposentadoria para ex-governadores e para parlamentares e agora, enquanto prefeito, vetou a lei antinepotismo no município, o que acha disso?

Carlos Caldeira: No Parlamento ele estava jogando para a platéia. O doutor Mauro é lobo em pele de cordeiro. Hoje ele mostra o lobo que é. Prova disso foi a atuação dele para livrar os vereadores da Apocalipse, todo mundo viu. Taí o Jair Montes que, de adversário e opositor ferrenho, passou a ser o homem forte do prefeito na Câmara. Para mim, a administração do doutor Mauro, proporcionalmente, está muito pior que a do Sobrinho.

Tudorondônia: O doutor Mauro é hoje um homem rico, e só fez política nos últimos 30 anos. Como se fica rico isso só fazendo política?

Carlos Caldeira: Também queria saber. Como um político honesto fica rico? Até eu queria saber. Como médico ele não garantiria essa riqueza toda.

Tudorondônia: Obrigado pela entrevista.

Carlos Caldeira: Eu é que agradeço a oportunidade.

terça-feira, 24 de dezembro de 2013

POLITICANDO NO TEMPO

Retrospectiva 2013

No final de 2012, uma verdadeira quadrilha que estava instalada na Prefeitura de Porto Velho, caiu, e caiu feio. Passaram o natal nas dependências do presidio Urso Panda, a então toda poderosa, a dama de ferro, a rainha da Inglaterra, a testa de ferro da administração mais danosa para Porto Velho em todos os tempos: Mirian Saldanha Perez, e com ela, só que na ala masculina, o casca grossa Jair Ramires. Isso era um sinal de como seria o ano de 2013.
Valter Araujo continuava foragido, lembrando  inclusive a saga da policia dos EUA quando procurava por Ozama Bin Laden, só que lá, eles realmente procuravam e ninguém sabia em que buraco ele havia se enfiado, já aqui...
A jovem estudante de jornalismo Naiara  Karine foi barbaramente assassinada com 22 golpes de faca, um crime que chocou a sociedade de todo o estado. Depois de apresentar a sociedade nada mais que quatro "potenciais suspeitos" de ter cometido o bárbaro crime, eis que a policia em fim, chega a um dos estupradores, que confessa a participação de mais três envolvidos, e confessa também que tudo foi uma encomenda de "uma mulher misteriosa". Três estupradores e assassinos estão presos, um foragido, e o segredo da mulher misteriosa que encomendou o "susto" na moça, continua, e talvez a sociedade nunca venha a saber realmente de quem se trata, à especulações, mas ninguém ousa abrir a boca pra falar um nome, ou sobrenome. 
Valter Araujo continua foragido...
"Ladrões" invadem prédio da Secretaria de Meio Ambiente (SEMA) e somem com todos os computadores dos chefes. Not book's com todas as informações sobre as multas e autos de infrações da secretaria foram levados pelos "meliantes" e até hoje ninguém da uma só palavra para a sociedade sobre como está as investigações, ou se tem uma investigação para resolver a situação.
E o Valter Araujo....Nada!
Magica no deposito da SEDUC. Aparelhos de TV, ar condicionados, computadores e periféricos somem como em um passe de magica, prejuízo milionário para os cofres públicos.
Ainda na SEDUC; Servidor some misteriosamente em uma viagem para o baixo madeira, onde tudo também é mistério e aparentemente uma trama diabólica foi armada para dar cabo da vida do servidor, já que o mesmo parece que sabia algo sobre o ilusionismo que aconteceu dentro do deposito daquela secretaria do governo da Cooperação. O Corpo jamais foi encontrado, ninguém da uma satisfação para a família, e é vida que segue.
Valter Araujo continua solto, deputados envolvidos na mesma operação já estavam todos "em campanha como se nada tivesse acontecido", ninguém estava mais preso, Epifania Barbosa continua sendo a "musa do PT", e o povo vai esquecendo, vai esquecendo...
Roberto Sobrinho enfim está preso! Ele e o ex vereador e ex EMDUR, Mario Sergio, enfim vão pagar por seus crimes de colarinho branco. Festa na cidade, fogos, champanhe, alvoroço nos corredores da prefeitura e também na sede do PT. 36 horas depois...decepção e revolta, Roberto e Mário são soltos pela justiça em uma canetada super suspeita de um desembargador que também figura no mesmo polo passivo de um processo juntamente com Roberto.
Prédio do site e Studio de TV do Rondônia Agora são alvos de bandidos que dispararam vários tiros de pistola. O Atentado a bala tinha o intuito de amedrontar seus proprietários que fazem um jornalismo combativo e que muito contribui para desbaratar quadrilhas que são especializadas em roubar dinheiro público, e foi graças as denuncias feitas por seus jornalistas que a quadrilha chefiada pelo então foragido Valter Araujo, foi desmascarada.
Operação Apocalipse: "meio mundo de gente" vai pra cadeia na operação que foi desencadeada para combater o trafico de drogas e que não apreendeu nenhuma grama de droga. Segundo a policia civil, traficantes liderados por Fernando da Gata e Beto Baba, únicos que ainda permanecem presos, montaram um verdadeiro comércio politico eleitoral em nosso estado. Eles aliciaram para o bando, deputados estaduais e vereadores que em épocas de eleição, receberam recursos para financiar suas campanhas e em troca entregavam seus gabinetes para a quadrilha tocar. O vereador Jair Montes foi apontado como o chefe do braço politico, caíram ainda os vereadores Marcelo Reis e Eduardo Rodrigues que dividiram cela no panda por exatos 75 dias. Já nas bandas da ALE/RO, a deputada Fantástica Ana da 8 foi desmascarada vendendo seu mandato e ainda registrando o "contrato de compra e venda", em cartório. Essa talvez tenha sido a maior lambança politica da historia de Rondônia. Com Ana também apareceram os deputados Adriano Boiadeiro, que desfila nos corredores da ALE com um ridículo e enorme chapéu panamá, como se ele estive tocando o gado em sua fazenda, e ainda o filho progênito do ex presidente da ALE, Carlão de Oliveira, preso na operação dominó e acusado de desviar mais de 75 milhões de reais, Jean Oliveira. Hermínio Coelho, Claudio Carvalho, Cabo Anjos, Pastor Delso, Ana da 8, Jean Oliveira, Marcelo Reis, Eduardo Rodrigues, Adriano Boiadeiro e Jair Montes, estão por ai, inocentados pelos seus pares, como se nada tivesse acontecido.
Justiça Brasileira prende o primeiro deputado Federal em pleno exercício de mandato, e ele é de Rondônia: Natan Donadon!
Justiça de Rondônia também faz lição de casa e prende primeiro deputado estadual em pleno exercício de mandato: Marcos Donadon, irmão de Natan. Crimes diferentes? Que nada, família que rouba unida, vai presa unida! Os dois foram pegos no mesmo crime, quando um era presidente da ALE e o outro era seu braço direito, desviaram juntos mais de 8 milhões de reais.
Natan protagonizou o maior vexame da politica brasileira em todos os tempos, superando inclusive o Collorgate. A Câmara dos deputados abre processo de cassação contra Natan, por quebra de decoro parlamentar, o mesmo ganha o direito de se defender em plenário, chega na casa escoltado e algemado, chora na tribuna, fala que o povo de Rondônia lhe ama, que é inocente e seus pares acreditam. Depois de livre da cassação, ele pede pra voltar a tribuna para transmitir um recado de seus novos colegas, os presidiários da Papuda: "Melhorem a xepa (marmita), a comida lá dentro está muito fraquinha, foi meus amigos de carcere que pediram para que eu transmitisse esse recado". Fim do espetáculo!
Fortes Emoções: O foragido Valter Araujo decide se entregar, sai de sua casa, aonde disse que nunca havia  saído, vai ao TRE, atualiza seu titulo de eleitor e segue para o Fórum aonde tinha uma audiência marcada para acontecer as 8:30 da manhã, se apresenta exatamente no horário e diante da Juíza, recebe voz de prisão. Enquanto tudo isso acontece, como se tudo estivesse sido combinado antes, o vereador apontado como um dos chefes da organização criminosa da operação apocalipse, Jair Montes, é colocado em liberdade, abre-se então uma vaga para o ilustre ex presidente da ALE dentro da masmorra chamada Urso Panda. A noticia da rendição de um e da soltura de outro se espalha feito um rastilho de pólvora, a imprensa toda corre para o fórum atrás de uma imagem do agora ex foragido Valter Araujo, algemado e preso, e esquece do vereador Jair Montes. A policia então monta um teatro para despistar a imprensa e Valter sai, sorrindo e sem algemas pelos corredores vazios do fórum da capital, rumo ao camburão que ia leva-lo até o IML para cumprir os tramites legais de sua prisão.
Jovem advogado é abatido a tiros quando chegava em seu escritório na Rua Vieira Caulla, bairro Embratel, o crime é mais um daqueles mistérios onde não tem suspeitos e a policia não dá nenhuma informação "para não atrapalhar as investigações".
Depois de quase 5 anos de mistério, assassinato de empresário do ramo de segurança é esclarecido. Ele foi abatido em frente a sua empresa na avenida Lauro Sodré, ele era ex sócio de Valter Araujo, e a arma que disparou os tiros que mataram o empresário, foi encontrada na fazenda de Valter. Valter foi apontado e indiciado pelo assassinato do empresário, e com esse indiciamento, seus planos de sair da cadeia até o final do ano, foram pelo ralo. Ele também foi condenado a sete anos de prisão em regime semi aberto, por corrupção passiva, pelo fato de ter entregue a Deputada arrependida, Epifania Babosa, 30 mil reais para comprar seu voto em projetos de seu interesse na ALE.  
Comissão processante da Câmara de Vereadores trabalha dia e noite para fechar o relatório e entregar para votação em plenário. O Vereador Léo Moraes, relator do processo, pede a cassação de três vereadores: Jair Montes, Cabo Anjos e Pastor Delso e suspensão por 30 dias do mandato do vereador Marcelo Reis e ainda "um puxão" de orelha no vereador Eduardo Rodrigues.
O Prefeito Mauro Nazif e seu irmão Gilson Nazif, querendo ter sustentação politica na câmara, coloca seu bloco na rua para livrar os vereadores de todas as punições e assim, traze-los para seu lado. Seu plano deu certo e hoje ele tem 12 vereadores como aliados, inclusive o seu antigo maior critico: Jair Montes! É, mas nem tudo foi tão perfeito assim como o prefeito e seu primeiro ministro e irmão planejaram. A sessão teve falhas, e falhas graves, inclusive apontadas pelo próprio advogado de defesa de Jair Montes no momento de sua fala. Ele prevendo que o pior poderia acontecer, se antecipou em avisar que recorreria caso seu cliente fosse cassado, e pontuou os erros. Jair não foi cassado e os suplentes aproveitaram a deixa do advogado falastrão e ingressaram na justiça, resultado: A sessão está suspensa e todos ainda podem sim, perder o mandato.
Pesquisa em todo o estado aponta os  melhores e os piores prefeitos de Rondônia: Dr. Mauro Nazif é apontado como o pior prefeito do Estado de Rondônia. 1 ano apos sua posse, a cidade mudou, e mudou para pior e tantas coisas ruins vem acontecendo que esse blogueiro aqui, juntou documentos e entrou com um pedido de impeachment do prefeito e seu vice. Corre também na cidade um abaixo assinado aonde já consta aproximadamente 22 mil assinaturas.
No mais, é esperar que o ano termine bem, os mensaleiros continuem presos, os irmãos Donadon também, a paz volte a reinar nas ruas de Porto Velho e que todos tenham um feliz Natal e um Prospero Ano novo.

segunda-feira, 23 de dezembro de 2013

Renan Calheiros usa avião da FAB em viagem a Pernambuco onde fez implante de cabelo


O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL) usou avião da Força Aérea Brasileira (FAB) em viagem entre Brasília e Recife na última quarta-feira (18.12). No dia seguinte, submeteu-se a cirurgia de implante capilar na capital pernambucana. A informação foi divulgada na edição deste sábado (21.12) do jornal "Folha de S.Paulo". Apesar de não constar na agenda de Renan participação em evento oficial em Pernambuco, no registro de voos da FAB a viagem é justificada por motivo de “serviço”.
Renan Calheiros informou, por meio de sua assessoria de imprensa, que fará uma consulta à FAB na próxima segunda-feira (23.12) para saber se o trecho voado está dentro das regras estabelecidas pelo decreto presidencial que regulamenta as viagens de autoridades. Ele informou que devolverá o valor da viagem caso a FAB avalie que ela não estava em consonância com as regras.
A assessoria de imprensa da FAB informou que disponibiliza as aeronaves para autoridades conforme solicitação de serviços sem questionar a razão do compromisso. No registro de voo de Renan da última quarta consta a previsão de quatro passageiros.
Renan passou por procedimento cirúrgico de implante capilar durante aproximadamente 7 horas nesta quinta-feira no Hospital Memorial São José, área central de Recife. De acordo com o médico que realizou a cirurgia, foram implantados mais de dez mil fios de cabelos. Renan passava bem após o procedimento.
Segundo decreto presidencial 4244, de 2002, autoridades como ministros de Estado e o presidente do Senado, podem viajar em aviões da FAB nas seguintes circunstâncias: por motivo de segurança e emergência médica; em viagens a serviço; e em deslocamentos para o local de residência permanente. A residência permanente de Renan fica em Maceió, capital alagoana.
Em junho deste ano, Renan fez viagem em avião da FAB entre Maceió e Trancoso para acompanhar o casamento da filha do líder do governo no Senado, Eduardo Braga (PMDB-AM). Apesar de inicialmente ter dito que não devolveria o valor referente ao voo, Renan recuou e anunciou a devolução aos cofres públicos R$ 32 mil.

Antes da devolução, Renan chegou a afirmar que usou o avião porque, como presidente do Senado, exerce um cargo de representação. "Deixa eu explicar. O avião da FAB usado por mim é um avião de representação. E eu o utilizei como tenho utilizado sempre, na representação como presidente do Senado", declarou na ocasião.
Câmara e Ministério - Também em junho, o presidente da Câmara, deputado Henrique Eduardo Alves (PMDB-RN), usou um avião da FAB em junho para viagem de ida e volta com seis acompanhantes entre Natal e o Rio de Janeiro.

Nesse período, Alves disse que teve encontro com o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB-RJ) e assistiu à final da Copa das Confederações, entre Brasil e Espanha, no Maracanã. Depois da divulgação da viagem, Alves anunciou a devolução de R$ 9,7 mil, como valor equivalente ao preço das passagens em voo comercial.
O ministro da Previdência Social, Garibaldi Alves, também devolveu dinheiro aos cofres públicos este ano por uso de aeronave da FAB com fins pessoais. Ele anunciou em setembro a devolução de gasto por viagem entre o Ceará e o Rio de Janeiro, onde ele assistiu à final da Copa das Confederações, entre Brasil e Espanha. O valor devolvido não foi informado.

sábado, 21 de dezembro de 2013

No Recife, Rei do Brega foi maior que Rei Roberto

O Recife acordou de luto neste sábado, pois perdeu seu "rei". Para os pernambucanos, não adianta a TV Globo fazer um especial todo fim de ano chamando Roberto Carlos de rei. Roberto Carlos pode ter sua relevância histórica nacional, pode escapar do rótulo de brega (apesar de muitas vezes o ser) e pode ser protegido pela crítica carioca e paulista, mas em Pernambuco, o rei é outro. Seu nome éReginaldo Rossi.
E não apenas o "rei o brega", como Rossi é tradicionalmente chamado em referências nacionais, que diminuem sua importância. Simplesmente "o rei", um dos nomes mais marcantes da vida cultural de todos os pernambucanos. Não importa a faixa de renda, não importa o nível cultural, não importa nem mesmo o gosto musical - no Recife, Rossi era rei do povão, da elite, dos acadêmicos, dos analfabetos, dos fãs de brega, mas também dos mangueboys, dos roqueiros e dos metaleiros. Sua importância para a cultura local não tem medida.
Nos últimos anos, é verdade que o próprio Rossi permitiu ser transformado em uma caricatura de si mesmo. Uma de suas últimas grandes aparições foi no quadro Dança dos Famosos, em 2009. Ali, e em muitas outras vezes em que o cantor ganhou espaço na mídia nacional, sua presença se resumia à de um coroa tarado e engraçado, com um sotaque estranho que misturava o "pernambuquês" com puxada carioca, que falava de cornos e cantava uma única música brega: "Garçom".
Esqueça "Garçom" por alguns minutos. Reginaldo Rossi é muito maior de que "Garçom". Rossi era um músico excelente, versátil, e suas primeiras composições, na época da Jovem Guarda, são surpreendentes pela qualidade. Muito além de "Garçom" e do rótulo "brega", Rossi compôs belas canções românticas, criou refrães marcantes. "Mon Amour, Meu Bem, Ma Femme", "A raposa e as uvas", "O pão", "As Quatro Estações", "Tão Sofrido", "Pedaço de Mau Caminho", todas canções que, só de pensar, colocam um sorriso alegre no rosto de quem as conhece.
Não importa a faixa de renda, não importa o nível cultural, não importa nem mesmo o gosto musical - no Recife, Rossi era rei do povão, da elite, dos acadêmicos, dos analfabetos, dos fãs de brega, mas também dos mangueboys, dos roqueiros e dos metaleiros. Sua importância para a cultura local não tem medida.
Para quem duvida, para quem não conhece, ou para quem tem preconceito, vale lembrar que suas canções viraram um belíssimo tributo em 1999, com regravações de algumas dessas canções por nomes "mais respeitados" da música nacional, como LenineZé Ramalho,Otto e Geraldo Azevedo. Todos com pelo menos um pé no Recife, o suficiente para conhecer e respeitar a obra do rei. "Reiginaldo Rossi - Um tributo" permite conhecer as letras e as melodias fora dos arranjos simples, mais associados à música brega.
Ao contrário do que pode parecer para quem vê de fora, não existe ironia quando Reginaldo Rossi é chamado de rei no Recife. Ele realmente fez parte da formação de todos os pernambucanos, e foi muito mais do que um cancioneiro popular. Em um país do tamanho do Brasil, a importância regional dele era muito maior do que a de qualquer de qualquer nome da MPB, da bossa nova, samba ou qualquer outro estilo que se pretenda nacional.
A relação dele com o Recife dos anos 1960 em diante poderia ser comparada com a relação da bossa nova com o Rio de Janeiro - tanto que ele cantou a capital pernambucana em "Recife, minha cidade". O "problema" é que sua popularidade e sua influência se concentraram em uma única região mais "periférica" do país, e ele passou a ser visto de fora apenas como "brega".
O rei era um psicólogo que ajudou gerações de pernambucanos a lidar com paixões e frustrações amorosas. Ele era um showman, que subia em qualquer palco da cidade e sabia conquistar o público com monólogos geniais. Mas o mais importante é que ele sabia da importância do entretenimento, e por isso não se levava excessivamente a sério. A autoironia dele ao abraçar o rótulo de "rei do brega", ao abraçar as brincadeiras de corno, ao repetir milhares de vezes "Garçom" fazem parte deste trabalho, e isso ajudou a popularizar seu nome. Mas a verdade é que mesmo que houvesse ironia, suas músicas realmente passaram a fazer parte da vida do Recife.
O rei era um psicólogo que ajudou gerações de pernambucanos a lidar com paixões e frustrações amorosas.

Parafraseando o rei, lembro com muita saudade das primeiras idas ao Boteco do Mauro, as primeiras cervejas em um pequeno pé-sujo de calçada no Recife, no final dos anos 1990. Toda semana, depois de horas de acirrados debates musicais em que cada membro da "galera do mauro" defendia sua banda de rock preferida (Metallica x U2 era um duelo frequente), a noite acabava com todos cantando juntos alguma canção de Reginaldo Rossi. Depois de algumas cervejas, todo mundo se torna um pouco brega, e o hábito de "tomar uma ouvindo o rei" era comum por toda a cidade - podia haver um tom de brincadeira, mas aquilo fazia parte da vida no Recife, e marcou a todos os pernambucanos.
O Recife perdeu seu rei, mas fica a lembrança de todos os shows, todas as canções, todas as brincadeiras que marcaram a cultura local. O rei merece todas as homenagens. Parafraseando mais uma vez, agora com o lugar-comum da sua música mais famosa: pra matar a tristeza, só mesa de bar.
Daniel Buarque é jornalista pernambucano com passagens pela Folha de S.Paulo, G1 e Terra. É autor do livro "Brazil, um país do presente" (Alameda editorial) e atualmente vive em Londres onde estuda Brasil em Perspectiva Global no King's College.