Uma das muitas possibilidades – e uma das mais importantes – da presença de marcas ou pessoas públicas (entre artistas e políticos) nas redes sociais é aproximação com seu consumidor, eleitor ou público. Um canal de diálogo onde existe a possibilidade de debate, de transparência, de interesse na opinião do próximo. Algo fácil? Não, sem dúvida que não. Nem todos conseguem manter essa presença de forma tão eficiente, existem vários obstáculos para serem vencidos. Mas confesso não entender andar na contramão de tudo isso.
Dia 23 de janeiro a presidente Dilma “bateu um papo” com alguns craques pelo Twitter – novamente, isso já havia acontecido 06 de dezembro de 2013. Até aí, tudo bem. Mas o papo, definido por algumas pessoas como “algo escrito por um roteirista dos Teletubbies” ou “mais cretino que diálogo de filme pornô”, seguiu um claro roteiro, sendo nada espontâneo e aparentando ter como objetivo limpar a barra do governo federal no que diz respeito ao crescente sentimento de revolta relacionado as confusões que envolvem a Copa do Mundo – que pode ser acompanhado pelo crescimento do volume da hashtag #naovaiterCopa. Acompanhem o vergonhoso diálogo abaixo.
Em tese, estando na Suíça, a presidente teria soltado o tweets as 20h em ponto de lá. O fato de ser em ponto já incomoda, aparenta ter sido programado, mas poderia ser coincidência. Uma passa. Mas e a coincidência que levou Ronaldo (Brasil), Neymar (Espanha) e Kaka (Itália) estarem online todos nessa mesma hora, cada um em seus fusos horários distintos, prontos para responder de forma tão “espontânea”, é demais. É demais pra qualquer um com mais de dois neurônios. Nenhum dos craques é exatamente ativo no Twitter como podem perceber na imagem abaixo.
Impressiona o fato de que quem quer que esteja por trás dessa ação achar que o brasileiro usuário do Twitter é ignorante ao ponto de acreditar nessa bobagem. O texto é embaraçoso. A interação é capenga. O conceito por trás disso tudo é vergonhoso. Mas há outro ponto. As marcas estão sendo obrigadas a identificar os tweets de propaganda. Veja bem, não há afirmação ou acusação sobre o fato de que os craques tenham recebido pra publicar esses tweets, mas mesmo que não tenham, se a intenção era fazer propaganda, está certo essa intenção não ser clara ou identificada? O governo federal está acima disso? Caso tenham sido pagos, quem pagou por esses tweets? E quanto foi pago?
Para que tenham ideia um tweet destes, de acordo com informações de mercado, pode chegar a R$ 50.000,00.
É, é isso mesmo. R$ 357,14 por caracter, ou seja, R$ 357,14 por tecla apertada. Nessa “ação” poderiam ter sido gastos R$ 300.000,00 – a preço de tabela, supondo que não tenha havido o ágio tão comum para cobranças ao governo.
Se houve uma conta ela foi paga por nós, trouxas, com o dinheiro de nossos impostos.
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