No Brasil, a famosa Marianne, da revolução francesa, não duraria um minuto viva. |
Perdão pela ironia macabra. Mas atentados maiores e tão graves que o de Paris acontecem todos os dias no Brasil. As estatísticas revelam que uma média de 280 pessoas são assassinadas, por dia, em nosso País. Os homicídios chegam ao dobro dos cometidos pelos terroristas lá na França. Portanto, passou da hora de protestarmos contra nossas "mortes matadas" - que chegam a 56 mil óbitos por ano. E tem doido que ainda prega que o Brasil não vive em estado de guerra civil, porque as instituições estão funcionando perfeitamente, na melhor das ordens democráticas...
Fala sério... Perdão, novamente, pela hedionda sugestão - que não pode e nem deve ser acatada, pois agravaria ainda mais nossa situação de violência tupiniquim. Já pensou se os radicais do Estado Islâmico resolverem fazer um estágio com os integrantes do desgoverno do crime organizado no Brasil? Pelas números produzidos pelos homicidas brasileiros - a maioria crimes torpes e hediondos -, os terroristas do IE parecem amadores. A diferença é que eles ganham destaque midiático internacional. Os mal feitos de nossos criminosos são providencialmente censurados ou minimizados.
Vale repetir o alerta emitido ontem pelo grupo de estudos União Nacionalista Democrática (UND). Nós, brasileiros, convivemos 365 dias por ano com óbitos diários de "mortes matadas" em uma carnificina que ultrapassa o dobro do ocorrido em Paris - e que agora, de forma absolutamente correta e justa, causa comoção mundial - exceto entre os promotores da matança. Os brasileiros, deitados eternamente em berço esplêndido, preferem não acordar para a dura realidade de ser vítima do crime organizado, a partir da associação para fins delitivos entre bandidos e as falidas, desmoralizadas e corruptas instituições estatais de nossa terra que tem centenas de leis, com a maldita tradição de serem sistematicamente ignoradas e descumpridas.
Seria importantíssimo ver o Barack Obama na televisão protestando contra os atos de terror diário no Brasil, prometendo ajuda financeira e militar para combater os responsáveis. Seria simbolicamente importante ver o Jornal Nacional da Rede Globo pintar sua redação de "verde e amarelo" (como fez ontem de vermelho, azul e branco) para denunciar e condenar as matanças diárias no violentíssimo Brasil. Ou, melhor ainda, seria ver os mesmos editores comandados pelo William Bonner encerrando o noticiário, igual ontem, com trechos de convocação para uma guerra contra o terror patrocinado pelo crime organizado, como os contidos nas estrofes do famoso Hino Nacional da França.
Até quanto vamos viver na farsa, como se nada de terrivelmente ruim estivesse acontecendo, todos os dias, contra nós e contra os direitos humanos fundamentais? Novamente, vamos celebrar hoje, de forma tímida, mais um feriado nacional enganoso. Proclamação de uma República que ainda não foi efetivamente implantada, depois de um eficaz golpe militar que destronou um dos mais prósperos e eficientes Impérios do mundo? A única república que alguns torcedores de futebol podem comemorar é a fundação do Clube de Regatas do Flamengo, na mesma data. É duro viver em um país no qual a Nação Rubro-Negra e outras afins (como a campeã corinthiana) são mais celebradas que a "Nação-Brasileira".
É por isso que ficamos tão chocados com a violência cometida pelos fundamentalistas do Estado Islâmico pelo mundo afora, mas não conseguimos nos indignar tanto com a barbárie cometida pelo crime organizado no Brasil. As sensações de repulsa e condenação, pontuais, só acontecem quando alguma chacina chama atenção e ganha destaque na mídia (sem noção ou conivente com a criminalidade). Os brasileiros só reclamam da violência, de forma concreta, objetiva e contundente, quando o estágio de terror invade os muros dos condomínios e atinge alguma "vítima fatal" considerada "famosa".
A virulenta governança do crime organizado patrocina o assassinato de centenas de policiais. Poucos, a não ser os familiares deles, se revoltam sempre que a carnificina acontece. A esmagadora maioria da sociedade, incluindo a mídia amestrada, finge que não vê. A turma dos direitos humanos fica quietinha lá nas faculdades de Direito. No entanto, quando é o policial que mata (ou exagera na matança) do "bandido", os defensores dos "direitos dos manos" surgem do nada para defender "as pobres vítimas da violência da máquina estatal de assassinar". Ficamos neste maniqueísmo de polícia versus bandido, enquanto o terror come solto no Brasil...
O mundo caminha para um conflito armado de grandes proporções e de resultado previsível: centenas de milhares ou milhões de mortes em vão. A indústria bélica, em tempos de recessão planetária, tem o maior interesse em viabilizar uma nova grande guerra, patrocinada por muita grana que surge do nada para financiar o que não presta à humanidade. O atentado de Paris marca um caminho sem volta para a atuação radical do Estado Islâmico - que tem uma assessoria de imprensa de primeira qualidade e uma capacidade bélica para promover a mais escrota das guerras assimétricas.
O Brasil da impunidade e da violência descontrolada continua no mesmo papo furado de sempre, pregando "diálogo com bandido e terrorista", enquanto os brasileiros de bem sentem os efeitos da guerra civil (não declarada) promovida pela governança do crime organizado. Ainda bem que nossas Forças Armadas asseguram que estão prontas para intervir - se e quando os "primos pobres" do Estado Islâmico promoverem a barbárie por aqui...
Em 2016, teremos as Olimpíadas no Rio de Janeiro. Aqui, certamente, os terroristas do IE não vão cometer a indelicadeza de superar os assassinos locais (muito mais eficientes, segundo comprovam as estatísticas diárias de mortes). Por isso, se torna até exagerada a notícia de que "o governo brasileiro avalia reforçar o time de observadores especializados em combate ao terrorismo, parte do sistema de inteligência montado para a Rio-2016, que chegará nos próximos dias a Paris para acompanhar a 21ª Conferência Mundial do Clima. O evento deve receber cerca de 80 chefes de estado e do governo e delegações de mais de 150 países a partir do próximo dia 30".
Aqui no Brasil está tudo como sempre esteve no açougue do Al Capone. Fiquemos tranquilos, então, aguardando as próximas vítimas... Quem sabe uma delas não pode ser eu, você ou alguém de sua família...
Mas se você não está tranquilo, fica uma sugestão: Que tal tirar o traseiro da cadeira e partir para uma ação estratégica que promova a "desproclamação" da República do Crime Organizado no Brasil?
É melhor e mais seguro se juntar a quem já está fazendo isto... Do contrário, com toda certeza, a próxima vítima vai ser você - que morre de véspera, igual ao Peru de Natal...
Texto de Jorge Serrão.
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